Centro de Desenvolvimento Florestal Sustentável - Programa Arboretum
- Publicado: Segunda, 18 Mai 2020 17:52
O Programa Arboretum é reconhecido pelo Serviço Florestal Brasileiro como um Centro de Desenvolvimento Florestal Sustentável-CDFS, atuando de maneira integrada com diversas instituições numa política de desenvolvimento florestal para a Mata Atlântica. O CDFS fomenta os plantios para produção associados aos plantios para conservação. Numa vertente garantindo a geração de produtos madeireiros e não madeireiros e, noutra, a conservação e os serviços ambientais e ecológicos das espécies.
O Programa conta com uma estrutura diferenciada para coleta de sementes e produção de mudas, atuando por meio de uma Rede de Núcleos de Coleta e Núcleos de Produção em comunidades rurais que abrigam um trabalho de registro e produção de mais de 500 espécies nativas. Esse trabalho promove o conhecimento silvicultural dessas espécies e suas potencialidades para recomposição florestal, produção e conservação.
O Centro de Desenvolvimento Florestal Arboretum é uma ferramenta que em termos de estrutura física e de técnica- apoia o norteamento das políticas públicas para promoção da cobertura florestal no Brasil aliada ao desenvolvimento e à diversificação da economia florestal brasileira.
Especificamente para o CDFS Arboretum, seis classes de recursos ou cadeias econômicas foram elencadas como potenciais para o desenvolvimento florestal na Mata Atlântica. Para cada uma delas há um conjunto de espécies potenciais para desenvolvimento, manejo imediato (não madeireiro) ou manejo com a perspectiva de plantios para recomposição associada à produção:
- Classe de madeiras para cortes finos: nessa cadeia estão as madeiras que permitem maior valor agregado ou a utilização em menores dimensões. O Jacarandá da Bahia e o Pau Brasil, pelo valor da madeira para instrumentos musicais se destacam nesse conjunto. Outras espécies de ciclo mais curto como as caixetas (Simarouba spp; Tabebuia spp), o Jenipapo (Genipa americana) compõem esse conjunto.
- Classe de madeiras para construção: construção rural; civil e naval. Nesse conjunto de espécies se encontram madeiras de diversas densidades e ciclos, permitindo uma versatilidade no planejamento: Vinhático (Plathymenia reticulata) e Cedros (Cedrela spp) de ciclo médio e próprias para mobiliário; os Putumujus (Centrolobium spp) Brauninhas (Chamaecrista spp) próprios para construção rural, etc.
- Classe de extrativos: látex, resinas, óleos. Esse conjunto de espécies apresenta algumas já passíveis de manejo como a Bicuíba (Virola spp), a Pimenta Rosa (Schinus terebenthifolia), a Boleira (Joannesia princeps) e a Amescla (Protium spp) cuja abundância nas áreas de coleta do Programa, já possibilitam um manejo e outras como o Fruto de Paca (Carpotroche brasiliensis) e o Mucugê (Couma rigida) que precisam ser fomentadas no plantio. É uma cadeia extremamente promissora, tanto por meio do desenvolvimento de processos como pela prospecção de novos produtos. Atende especialmente à indústria de cosméticos e corantes, mas também à de fármacos.
- Classe alimentícia: condimentares, palmitos e frutíferas. Conjunto bem diverso de espécies abundantes e pouco valorizadas para os extratores como a Pimenta Rosa (Schinus terebenthifolia), ou ainda não difundidas e com propriedades organolépticas indubitavelmente favoráveis como a castanha da Sapucaia (Lecythis pisonis) e a Pimenta de Macaco (Xylopia spp). Para os palmitos chama atenção a variedade cespitosa da Euterpe edulis, ocorrente na Hileia Baiana, que permite além da extração do fruto a extração do palmito com o manejo dos espécimes. Outros palmitos são extraídos usualmente na região e cujo cultivo poderia ser desenvolvido e estudado, como é o caso do Palmito amargoso ou Buri – Allagoptera caudescens, utilizado tradicionalmente na Torta Capixaba consumida na Páscoa.
- Classe de espécies melíferas: Cadeia indiretamente associada aos produtos florestais, cuja estratégia reside na valorização e na diversificação da criação de meliponas, associada à sustentabilidade dos plantios. É uma cadeia cujos altos valores, raras propriedades e diversidade de produtos atingem um nicho diferenciado de mercado.
- Classe Medicinal: cadeia muito relacionada aos extrativos, porém guarda áreas específicas como uso de cascas e folhas. Cadeia também muito relacionada a espécies não arbóreas, que podem compor outros estratos como o sub bosque, no caso da Poaia (Carapichea ipecacuanha). Outras como a Macela (Achyrocline satureioides), Canela de Velho (Miconi albicans), Erva baleeira (Cordia verbenaceae) abundantes na região, e exploradas por extrativismo, podem a ser cultivadas para alimentar a indústria sustentavelmente e compor plantios agroflorestais.
Para cada uma das classes de recurso apresentadas há um conjunto de espécies, que está sendo ordenado conforme as potencialidades e demandas de pesquisa e mercado, orientando o foco, a temática e a abrangência das ações.
Mais sobre o Programa Arboretum: www.programaarboretum.eco.br
Setores relacionados: Laboratório de Produtos Florestais; Programa Bioeconomia Brasil Sociobiodiversidade, MAPA.